terça-feira, 20 de novembro de 2012

É tempo de voltar...

Após um "curto" período de ausência. Está chegado o tempo de voltar a despejar os devaneios desta Algarvia desterrada, mulher, trabalhadora, enfim... pessoa.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

A divina proporção

Se intelectualmente não somos todos iguais, estéticamente muito menos.
Le Corbusier instituiu a proporção perfeita para o corpo humano, no entanto não basta instituir o belo para sêlo. Ao longo dos anos os ideais de beleza têm-se alterado e os preconceitos também.

Hoje todas as conversas cá em casa têm girado em torno do peso, gorduras, comida e, implicida e explicitamente, na necessidade de eu perder peso. Devo confessar que apesar do peso, tamanho e gorduras que fazem parte de mim (como de resto de qualquer pessoa) me tenho sentido bastante confortável comigo mesma. Só me passo quando estes comentários vêm das pessoas que mais amo e quando não tenho as defesas preparadas. É lógico que o dizem porque gostam de mim e me querem ver feliz. O que não percebem é que a associação (de certa forma ilógica) que faço é de rejeição e de que para gostarem de mim preciso de não ser assim.
Sei que vivo neste tempo e que a vontade de viver há umas décadas atrás, ser um ideal de beleza e adorada por toda a "plebe" não é suficiente para que isto seja real. E que por muito que eu me ache fantástica, só às vezes consigo convencer os que me rodeiam.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Já não pareço doente!

É verdade! Após uma manhã e uma horinha de fim-de-tarde ao sol, já não tenho aquele ar de branco mais branco não há, que usualmente promove a hedionda pergunta: "estás doente?".
Embora eu me ache super-bronzeada, sei que para "os outros" apenas tenho qualquer coisa de diferente que não se consegue perceber bem o que é mas que pareço mais descansada, contente, feliz, sei lá, mais saudável!
E claro que, como não podia deixar de ser, eu com a minha mania de ser tão independente, não pedi ajuda para pôr o protector solar e apanhei um mini-escaldão no meio das costas com uma forma quase artística. Tenho umas dedadas na zona dos ombros e o risco do atilho do biquini a atravessar-me as costas. Por sinal um risco muito direitinho...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Passava os dias a sabotar-se a si mesma.
Sabia-o e nada fazia.
Um dia fez.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Duas pessoas

Como qualquer pessoa consideram que conhecem bem aquela outra pessoa. Aquela outra pessoa é uma pessoa que lhe é querida.
Não existe pessoa que se lembre de como aqueles dois conhecidos se tornaram perfeitos desconhecidos. Até porque aqueles desconhecidos eram mais do que simples conhecidos.


Sabe-se que ambos puxaram das palavras mais aguçadas de que dipunham. Esgrimiram essas palavras até poucas forças lhes restarem nos corpos, disferindo golpes profundos e difíceis de sarar. E fizeram-no como se a cada palavra disferida, não houvessem golpes gerados, feridas abertas e dor.
Com as restias de forças que lhes restaram choraram. Não queriam que sangrasse tanto, não queriam que doesse tanto, não queriam fazer aquilo; foi sem querer...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Porque juntamos coisas?

Porquê?! Com as mudanças, do meu cantinho para cá e o lento arrumar do novo quarto, tem-se-me vindo a tornar cada vez mais óbvia a minha incapacidade de me desfazer das coisas de que não preciso. Parece que de cada vez que tenho de deitar um monte de porcaria fora, que deito algo de mim fora também! Não, não me considero um monte de porcaria! Acontece que as coisas que guardo foram a alguma altura guardadas com cuidado, dispendi algum tempo a pensar no como arrumar aquela coisa. Nem que seja um prospecto do Modelo de Junho de 2004 porque tinha uma receita que planeio mais tarde recortar e que enfiei no armário entre uma revista do Expresso dessa altura que tinha um artigo assim, assim, e umas aulas soltas de Tratamento de Efluente que um dia vou organizar. E é doloroso o momento de me despedir delas... É impressionante a reticência semi-consiente que tenho em me desfazer destas coisas. Porque criamos relações afectivas com estas "coisas"? São só coisas!! Para além disso ocupam espaço, essencial para pormos outras coisas, que embora daqui a algum tempo venham a ser obsoletas, agora fazem falta. É verdade que tendo em conta o estado da minha "doença acumulativa" o mais provável é que eu ache que determinada coisa me faz falta durante muito mais tempo do que na realidade faz falta. E até me esqueça que ela só me ia fazer falta durante algum tempo porque a "arrumei" algures.
Eu sei que o que me faz falta é juizo, mas está em falta...

segunda-feira, 31 de março de 2008

É suposto saber quem sou, o que quero; não sei nada...

Tomei decisões na adolescência pelas quais é suposto ser responsável, no entanto, sinto que não me deveria ser incutida qualquer responsabilidade por elas! Afinal de contas era apenas uma jovem adolescente. O que sabia eu? As hormonas, o processo de definição de personalidade, tentar perceber quem somos, a incompreensivel revolta com tudo e com todos,... E mesmo assim era suposto, apesar desta confusão toda, durante todo este processo metamórfico tão complexo e difícil, eu escolher aquilo que eu quero ser para o resto da minha vida! Não é preciso ser muito esperto para perceber a enorme probabilidade de isto dar merda.


É claro que temos de escolher, é claro que a determinada altura da nossa vida nos temos que tornar mais uma roda-dentada nesta enorme produção que é a sociedade, mas a que custo? Tomei uma série de decisões que afectaram todo o percurso da minha vida. E agora?
Sou uma defensora aguerrida de aceitar as consequências das nossas decisões, por isso, e encontrando-me eu numa encruzilhada da vida em que as decisões lógicas não me repugnam, tenho de repensar os passos dados até aqui e talvez, apenas talvez, voltar atrás... Não sei! Sento-me para aqui a despejar as amarguras e incertezas da minha vida, a desabafar para este objecto inanimado pelo qual nutro algum afecto, mas que não deixa de ser algo inaminado e irresponsivo,... Sou mesmo um bocado parva!

É no mínimo um pedacinho aborrecido, depois de ultrapassadas as adversidades das escolhas que fiz, lentamente começar a concluir que provavelmente as minhas escolhas foram erradas e que estou atolada em merda até ao pescoço e que me tenho de "desenmerdar" sozinha e que qualquer novo caminho desprovido de merda que eventualmente possa descobrir e seguir, vai sempre ter as minhas sapatinhas desenhadas a merda, do caminho de onde vim.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Lembro-me

Lembro-me da sensação dos olhos arderem quando estou muito cansada, ou há muitas horas em frente ao computador, e de fechar os olhos por um instante e sentir um grande alívio. Lembro-me daqueles dias em que só penso na cama e quando finalmente me deito, me sinto a afundar no colchão. Lembro-me de como é bom no dia a seguir a uma actividade física intensa, sentir os músculos a doerem, e de como é ainda mais intenso dois dias depois. Lembro-me de alguns dias quentes de Primavera em que, ansiosa pelo Verão, vou para a praia de biquini e me deleito no contraste do sol que aquece a minha pele e do frio que a primaveril brisa me provocam.
Lembro-me também do consenso nas conversas entre amigas da escola sobre o rapaz mais giro da escola e de eu concordar apesar de não o achar nada de especial. Lembro-me de comer pirolitos na Alameda e ficar com eles colados no céu-da-boca e nos dentes. Lembro-me de saltar em cima de pacotes de sumo e leite com chocolate pretensamente vazios para os rebentar no caminho da escola e ficar toda borrifada com os desperdícios o resto do dia, e de continuar a fazê-lo mesmo assim. Lembro-me especialmente bem do cheiro da minha praia que me acompanhava nos dias de Verão e que é um misto de protector solar, com água do mar, e um pouco de pó de areia que lhe dá um tom tão particular...
E tu lembras-te?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Hoje apetece-me

Hoje estou de apetites.
Apetece-me ser nuvem embrulhada em brisa primaveril.
Apetece-me passar os dedos nos cabelos e naufragar no seu ondular.
Apetece-me arranhar-nos sem pudor, desnudos ao luar.
Apetece-me sem duvidar, sem recuar, sem hesitar, sem me irritar e sem pensar.
Apetece-me o sabor das coisas simples, da simplicidade de ser, e sê-lo sem ter medo.
Nem que seja só hoje, vou no sonho deixar-me levar e quando te encontrar,... amar!

sexta-feira, 7 de março de 2008

O porquê...

A mudança surgiu pelo início dum curso em Faro e por eu não ganhar dinheiro suficiente, com os meus biscates, para as deslocações diárias do meu cantinho à beira-mar, para cá. Assim, fui "forçada" a voltar para o tão temido lar familiar... O que mais me tem assustado é a desconstrução das minhas tão amadas rotinas estabelecidas na independência de satisfações e limitações do convívio socio-familiar. Quando não temos ninguém (além de um gato que pouco nos liga) com quem dividir o nosso espaço, tempo, pensamentos, vivemos para nós, e assusta-me a inegável imposição do "enquanto estiveres na minha casa tens que fazer as coisas à minha maneira", embora a minha mãe tenha sido uma querida nisto tudo.

Passou-se muito pouco tempo, a nostalgia assola-me sempre que vejo alguém bronzeado, com cabelo molhado ou até de t-shirt...

Virem entregar e montar hoje as cenas novas do meu quarto deixa-me histérica, pode ser que finalmente ter cama e um espaço que posso considerar minimamente meu, me dê nova força ânimica.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Arrancada da beira-mar

Fui hoje friamente desenraízada do meu cantinho à beira-mar.
Ao mudar de sítio tentaram mostrar-me como este sítio pode ser tão bom, se não melhor, que o meu cantinho à beira-mar.
Parecem não saber que eu conheço este sítio! Foi aqui que me fiz quem sou...
Aqui não tomo o pequeno-almoço a perder-me na rebentação das ondas, aqui as janelas e persianas não batem frenéticamente em noite de temporal (até porque o temporal raramente aqui chega), aqui o ar não cheira a mar, aqui se passearmos na rua a nossa pele não fica a cheirar e saber a sal, ...
Sabem que conheço este sítio, querem mostrar-me que aqui posso ser feliz.