segunda-feira, 31 de março de 2008

É suposto saber quem sou, o que quero; não sei nada...

Tomei decisões na adolescência pelas quais é suposto ser responsável, no entanto, sinto que não me deveria ser incutida qualquer responsabilidade por elas! Afinal de contas era apenas uma jovem adolescente. O que sabia eu? As hormonas, o processo de definição de personalidade, tentar perceber quem somos, a incompreensivel revolta com tudo e com todos,... E mesmo assim era suposto, apesar desta confusão toda, durante todo este processo metamórfico tão complexo e difícil, eu escolher aquilo que eu quero ser para o resto da minha vida! Não é preciso ser muito esperto para perceber a enorme probabilidade de isto dar merda.


É claro que temos de escolher, é claro que a determinada altura da nossa vida nos temos que tornar mais uma roda-dentada nesta enorme produção que é a sociedade, mas a que custo? Tomei uma série de decisões que afectaram todo o percurso da minha vida. E agora?
Sou uma defensora aguerrida de aceitar as consequências das nossas decisões, por isso, e encontrando-me eu numa encruzilhada da vida em que as decisões lógicas não me repugnam, tenho de repensar os passos dados até aqui e talvez, apenas talvez, voltar atrás... Não sei! Sento-me para aqui a despejar as amarguras e incertezas da minha vida, a desabafar para este objecto inanimado pelo qual nutro algum afecto, mas que não deixa de ser algo inaminado e irresponsivo,... Sou mesmo um bocado parva!

É no mínimo um pedacinho aborrecido, depois de ultrapassadas as adversidades das escolhas que fiz, lentamente começar a concluir que provavelmente as minhas escolhas foram erradas e que estou atolada em merda até ao pescoço e que me tenho de "desenmerdar" sozinha e que qualquer novo caminho desprovido de merda que eventualmente possa descobrir e seguir, vai sempre ter as minhas sapatinhas desenhadas a merda, do caminho de onde vim.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Lembro-me

Lembro-me da sensação dos olhos arderem quando estou muito cansada, ou há muitas horas em frente ao computador, e de fechar os olhos por um instante e sentir um grande alívio. Lembro-me daqueles dias em que só penso na cama e quando finalmente me deito, me sinto a afundar no colchão. Lembro-me de como é bom no dia a seguir a uma actividade física intensa, sentir os músculos a doerem, e de como é ainda mais intenso dois dias depois. Lembro-me de alguns dias quentes de Primavera em que, ansiosa pelo Verão, vou para a praia de biquini e me deleito no contraste do sol que aquece a minha pele e do frio que a primaveril brisa me provocam.
Lembro-me também do consenso nas conversas entre amigas da escola sobre o rapaz mais giro da escola e de eu concordar apesar de não o achar nada de especial. Lembro-me de comer pirolitos na Alameda e ficar com eles colados no céu-da-boca e nos dentes. Lembro-me de saltar em cima de pacotes de sumo e leite com chocolate pretensamente vazios para os rebentar no caminho da escola e ficar toda borrifada com os desperdícios o resto do dia, e de continuar a fazê-lo mesmo assim. Lembro-me especialmente bem do cheiro da minha praia que me acompanhava nos dias de Verão e que é um misto de protector solar, com água do mar, e um pouco de pó de areia que lhe dá um tom tão particular...
E tu lembras-te?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Hoje apetece-me

Hoje estou de apetites.
Apetece-me ser nuvem embrulhada em brisa primaveril.
Apetece-me passar os dedos nos cabelos e naufragar no seu ondular.
Apetece-me arranhar-nos sem pudor, desnudos ao luar.
Apetece-me sem duvidar, sem recuar, sem hesitar, sem me irritar e sem pensar.
Apetece-me o sabor das coisas simples, da simplicidade de ser, e sê-lo sem ter medo.
Nem que seja só hoje, vou no sonho deixar-me levar e quando te encontrar,... amar!

sexta-feira, 7 de março de 2008

O porquê...

A mudança surgiu pelo início dum curso em Faro e por eu não ganhar dinheiro suficiente, com os meus biscates, para as deslocações diárias do meu cantinho à beira-mar, para cá. Assim, fui "forçada" a voltar para o tão temido lar familiar... O que mais me tem assustado é a desconstrução das minhas tão amadas rotinas estabelecidas na independência de satisfações e limitações do convívio socio-familiar. Quando não temos ninguém (além de um gato que pouco nos liga) com quem dividir o nosso espaço, tempo, pensamentos, vivemos para nós, e assusta-me a inegável imposição do "enquanto estiveres na minha casa tens que fazer as coisas à minha maneira", embora a minha mãe tenha sido uma querida nisto tudo.

Passou-se muito pouco tempo, a nostalgia assola-me sempre que vejo alguém bronzeado, com cabelo molhado ou até de t-shirt...

Virem entregar e montar hoje as cenas novas do meu quarto deixa-me histérica, pode ser que finalmente ter cama e um espaço que posso considerar minimamente meu, me dê nova força ânimica.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Arrancada da beira-mar

Fui hoje friamente desenraízada do meu cantinho à beira-mar.
Ao mudar de sítio tentaram mostrar-me como este sítio pode ser tão bom, se não melhor, que o meu cantinho à beira-mar.
Parecem não saber que eu conheço este sítio! Foi aqui que me fiz quem sou...
Aqui não tomo o pequeno-almoço a perder-me na rebentação das ondas, aqui as janelas e persianas não batem frenéticamente em noite de temporal (até porque o temporal raramente aqui chega), aqui o ar não cheira a mar, aqui se passearmos na rua a nossa pele não fica a cheirar e saber a sal, ...
Sabem que conheço este sítio, querem mostrar-me que aqui posso ser feliz.